MULHER DO AMAPÁ
Por: Neca Machado
Lá vem ela com seus pés descalços
E a mão cheia de calo
De tanto labutar,
Vem do Poço do Mato, Laguinho, Pacoval, Liberdade, Curiau, Santana, Oiapoque....
De todo lugar.
É ela: a menina, mulher, do cais, da Doca da Fortaleza e da beira-mar
É ela VENINA, Maria das Dores, Isaura, Leopoldina, Geralda, Niná...
Joana, Cunhã, Bebé, Nenê, Mundica, Joaquina, Zulma, Terezinha...
Para um amor, se entregar.
MULHER DO AMAPÁ, é
Corajosa, guerreira, parteira, curandeira, puxadeira, rezadeira...
Que sobe as ladeiras
Sem fraquejar.
Que luta, cansa, e descansa,
Enxuga o suor, sem reclamar.
E todo o dia, acorda e continua a caminhar.
De um lado pro outro, pra lá e pra cá.
SEU NOME É:
MULHER DO AMAPÁ.
Izabel da quitanda do bairro moreno
Geralda da esquina do Poço sereno
Venina da dança, e do requebrado.
Que se entregam ao prazer de uma cultura propagar.
Cunha de mãos benditas, curando mazelas.
Sem deixar seqüelas, em quem se machucou.
Dona Antonina, mulher da fé...
Nina, a Deusa da argila,
Que para o mundo o AMAPÁ revelou,
Criou sua ARTE no barro e na cor,
Seu talento especial nos deixou.
Embevecendo quem suas obras contempla,
E nos faz viajar por suas benditas rendas em uma argila tucuju
MULHER DO AMAPÁ
De doces lembranças
Na face e na esperança
Do aprender e do ensinar.
De prever e de profetizar.
É ela GUITA, da educação.
Da reza, da Santa, e da solidão.
Aracy Mont’Alverne, poetisa, bondosa, do lirismo e da trova.
E na culinária o sabor de uma especialista
com jeito de fada, Tia Bebé da Catedral.
Dos sonhos, dos doces, do tucupi, e da cor do açaí.
Lembrando Caty.
MULHER DO AMAPÁ
Onde está a saudade do olhar de Ester Virgulino
E a dança e a cor de uma negra mais bela, chamada Biló?
Que trás na herança, o nome famoso de Mestre Julião.
com o coração partido por não mais dançar sobre o chão.
Rodando bailados, em saias rendadas,
com cheiro de açucena e manjericão.
Hoje na lembrança e no fundo do coração.
Onde está o olhar e a voz rouca
Da Negra Maciça
Chamando Avhulu?
Fazendo um carinho
No neto de cor de ébano.
E deixando o olhar se perder
Sobre a luz.
Que a seduz...
MULHER DO AMAPÁ.
É coragem, é força, fortaleza, como a secular catedral.
Centenária, na sua ousadia de saber ser MULHER.
E SEMPRE leal,
AO NOME, A FAMILIA, AO AMOR...
Ao jeito de SER TUCUJU.
Na ousadia de saber ser MULHER,
Ser Tereza, Maria, Raimunda, Diquinha...
Negra, mulata, mestiça, franzina, cordata, audaz.
Andaluz, cheia de encanto e Magia.
De sonhos, e esperanças,
Fazendo do clarão do dia,
Sua eterna LUZ.
De pré-nome, nome e sobrenome.
MULHER.
QUE SE ORGULHA DE SER.
A MULHER DO AMAPÁ.